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ISOLAMENTO SOCIAL:CONFLITOS NA EDUCAÇÃO ESCOLAR DOS FILHOS

Lima, Stefany; Moniz, Sandra S.




RESUMO

O presente estudo tem por objetivo abordar as dificuldades e os conflitos dos pais na educação escolar dos filhos em tempo de isolamento social. Como lidar com as novidades e manter um ambiente de estudo, respeitando o universo da criança e a organização do lar. Podemos observar no relato tanto dos pais e profissionais, o quanto uma mudança tão repentina na educação e na rotina da família mexe com as emoções de todos no ambiente doméstico. A pesquisa mostrou ainda uma realidade velada, a falta de harmonia e o distanciamento entre pais e filhos.


Palavras-chave: (Coronavirus, Isolamento Social, Educação, Conflitos, Família)



INTRODUÇÃO


Assim que, se iniciou o ano de 2020 o mundo foi surpreendido por uma infecção pulmonar misteriosa, cujo primeiro caso foi relatado em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, China. O aumento no número de casos caracterizou rapidamente a infecção como surto, de modo que, no final de janeiro de 2020, a organização mundial da saúde (OMS) declarou a situação como uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Esse vírus foi identificado pela primeira vez em 1937, e em 1965 foi denominado coronavirus, devido ao seu perfil microscópio semelhante a uma coroa. A partir de pesquisas se descobriu que o novo coronavirus, tinha um período de incubação entre 3 e 10 dias e de propagação através de gotículas, mãos e superfície contaminadas. Imediatamente a mídia, em todo mundo, começou a registrar o aumento de pessoas infectadas, mortes e alta taxa de contaminação em toda região, foram adotadas as primeiras medidas de controle que incluíam, a suspensão de transporte público, fechamento de locais de entretenimento, proibição de reunião e aglomeração de pessoas. Todavia, a disseminação para outros países foi bastante acelerada, devido a globalização e a falta de conhecimento com o novo coronavirus para se adotar medidas de segurança aos viajantes. Logo foram detectados casos de contaminação em vários países, chegando ao Brasil em fevereiro 2020, os primeiros casos foram notificados na cidade de são Paulo se espalhando para todo país, até que, a transmissão se mostrava sem controle obrigando a OMS declarar pandemia, a essa altura vários continentes já haviam registrado morte pelo covid19. Com esse cenário foram tomadas providencias em vários países para inibir a propagação da doença. Essas medidas incluíam o fechamento de empresas, comércios, universidades, escolas e creches, criando um isolamento social, em março de 2020 o Brasil aderiu ao isolamento.




Isolamento social e os conflitos com a educação escolar dos filhos


O isolamento social fez emergir uma realidade velada dos nossos dias. A dificuldade dos pais em lhe dar com a educação escolar dos filhos. Vivemos em tempos onde os pais estão muito ocupados, atarefados e com muitas atividades no dia a dia, a educação dos filhos foi terceirizada para a escola ou cuidadores. A pandemia colocou todos no mesmo ambiente em tempo integral, e muito pais se deram conta que não estão preparados para essa tarefa, com isso muitos conflitos e dificuldade tem surgido no contexto familiar. É possível notar que em muitos desses lares os filhos pareciam ser apenas hospedes, ou visitantes, quando essa situação mudou e os mesmo precisam ficar todo tempo juntos atribuindo aos pais cuidar de todas as tarefas, isso tem se tornado uma missão quase que impossível. Não houve um preparo, simplesmente todos acordaram um dia e descobriram que os filhos não iam mais para escola. Essa notícia foi difícil e absorver se não bastasse, em pouco tempo decidiu-se que, todas as atividades escolares seriam feitas em casa, sobre a orientação dos pais. As escolas públicas enviariam o material para as crianças com um cronograma para ser seguido, as escolas particulares passaram a transmitir aulas online. Tudo isso tornou-se uma grande confusão, os professores não estavam preparados para essa modalidade, e os pais não esperavam ter que orientar os filhos em todas as tarefas. No meio de tudo isso estão as crianças sem entender exatamente o que está acontecendo, são muitas mudanças e pouco tempo para todos assimilarem. Muitas mães ainda têm que conciliar o trabalho home office com as tarefas de casa e todas as atividades dos filhos, algumas sem conhecimento ou nem uma instrução estão enlouquecendo com tudo isso. Ouvimos a fala de alguns especialistas na área infantil, psicólogos, pedagogo, terapeuta educacional, trazendo algumas orientações para os pais. Fomos ouvir também o relato de algumas mães expondo suas dificuldades em lidar com a situação atual.



O que falam os especialistas


De acordo Leo Fraiman, psicoterapeuta mestre em psicologia educacional, antes de pensar como organizar a vida das crianças nesses dias de isolamento é preciso pensar no que os pais querem, como deseja que o lar funcione. Isso é necessário para que todos possa passar por essa fase de forma mais tranquila, evitar os excessos não se tornando pais autoritários, praguejando, perdendo a cabeça a todo tempo, afinal, isso não te ajuda a chegar a lugar algum. Outro oposto é os pais que se isolam em um ambiente de trabalhando, deixando os filhos soltos destruindo a casa, essa alienação também não é produtiva. O que pode te ajudar a viver esse momento delicado é tomar a decisão, de ser pais sereno, sábio, equilibrado, segurando a onda e não perdendo a cabeça. A partir de sua decisão de se manter no eixo é que você será capaz de manter o controle da casa. Para a Psicólogo infantil Rosely Sayao, as crianças não têm capacidade de entender a situação e isso se mostra nas alterações do comportamento, na forma de agressividade, rebeldia, descontentamento, muitos podem não serem capazes de expressar isso pela linguagem, mas será externado no comportamento, ficando quietos e amuados, lembrando que podemos explicar a situação, mas os argumentos não serão aceitos, mesmo que compreendidos cognitivamente. Afinal a realidade da criança é aquilo que ela quer, aquilo que ela gosta. Importante ressaltar que a explicação, do pai ao filho, leve em conta a idade da criança e seu universo fantasioso, o adulto deve ser empático, só a explicação não basta, demostre que você entende que também está sofrendo com a situação, mas que juntos enfrentarão o momento e que juntos vão vencer. Na colocação da Pedagoga Lia Silva Fontele, inicialmente, pensar em educação infantil fora do contexto da escola é complicado, já que no início da vida pueril a escola tem ocupado um lugar importante na construção psíquica no sentido de fazer uma função. Ela é o segundo lugar mais importante frequentado pelos pequenos, onde são desenvolvidas as relações, os conflitos, brincadeiras e todos demais aspectos da cultura, que vão estar presente ao longo do desenvolvimento. Além disso, é primordial manter um ambiente apropriado de estudo em casa para que a criança não perca esse vínculo com a escola, os pais precisam estarem dispostos a abrirem esse espaço em casa, para manter a escola viva no imaginário da criança. Manter a rotina das atividades facilita a compreensão das crianças e ajuda na organização dos pais.



Entrevista


Mãe 1 - Sou esposa e mãe de dois filhos, de 6 e 4 anos. Diante a pandemia ocorreram muitas mudanças na rotina familiar, onde as crianças estavam em casa em período integral, o que acarretou mais demanda da minha parte como mãe. No início foi muito difícil conciliar tudo tão de repente, pois tinha que dividir meu dia, em períodos onde era esposa, dona da casa, estudante, profissional e mãe. Com ajuda de meu esposo, fizemos um quadro de rotinas, onde tínhamos horário para acordar, comer e fazer as atividades para que não sentíssemos muita falta do que já vivenciávamos. Tive duas grandes dificuldades, uma foi trazer a rotina escolar para dentro da nossa casa, onde por alguns momentos eu tinha que dar um suporte ao qual era dada por uma profissional especializada que é a professora e a outra foi em relação a alimentação, eles queriam o tempo todo comer besteiras e fora de hora, percebi que teve um aumento no desejo por comida, foi então onde eu e meu esposo tivemos que ser mais criteriosos, nós sempre seguimos padrões de horários para alimentação em casa, mas com o isolamento tivemos que ser mais rígidos em questão a excessos. Acredito que tivemos muitas dificuldades em torno de toda essa situação, mas se olhar de forma ampla acaba que tivemos uma ajuda em relação a união familiar.


Mãe 2 - Sou esposa e mãe de um filho de 3 anos. Diante do isolamento ocorreram muitas mudanças na rotina familiar, onde meu filho passou a ficar em casa em período integral, passei afazer meu trabalho home office o que acarretou mais demanda da minha parte. Assim que ficou decidido que as escolas enviariam as atividades para serem feitas em casa, vi o quanto não estou preparada para essa tarefa, meu filho não tem interesse pelas atividades não consigo cumprir a rotina da escola, não tenho didática, nunca sei se estou forçando demais ou de menos, passei a me estressar tanto de abandonei as atividades.


Mãe 3 - Sou esposa e mãe de um filho de 6 anos. Ao ser decretado o isolamento ocorreram muitas mudanças na rotina familiar. Meu filho estudava em período integral logo passou a ficar em casa, eu meu esposo passamos a fazer o trabalho home office, a escola passou a enviar as aulas via portal da própria instituição, nos organizamos de forma que o pai ficou com a tarefa de orientar as atividades escolares, estamos com muita dificuldade, meu filho tem muita preguiça de fazer as tarefas, muitas coisas temos dificuldade de entender, meu esposo tem que ler o material, isso demanda muito tempo, interfere no trabalho dele que não reduziu as atividades. Tem sido momento estressante e de muito aborrecimento.


Mãe 4 - Sou esposa e mãe de três filhos, um de 11 e gêmeos 8 anos. Com isolamento a maior mudança na rotina familiar foi com as tarefas escolares, me sinto aliviada de poder dividir isso com mais alguém porque estou em desespero:


PELO AMOR! O QUE SÃO ESSAS AULAS ONLINE? COM TRÊS CRIANÇAS??!! CADA UMA NUMA PÁGINA DA APOSTILA??!!! OS HORÁRIOS DAS VÍDEOAULAS ENCAVALAM. A INTERNET NÃO DÁ CONTA, A CRIANÇA NÃO SENTA, QUANDO SENTA NÃO QUER LER, LEU E ENROLA PARA ESCREVER, CAI UM TUFO DE CABELO (MEU, A VONTADE É DE ARRANCAR O DELES), NÃO TEM COMPUTADOR PARA TODO MUNDO, TODOS ME CHAMAM AO MESMO TEMPO, A CASA CONTINUA ME ESPERANDO, OS CACHORROS LATEM, A PANELA DE PRESSÃO CHIA, SERÁ QUE LIGUEI A MÁQUINA DE LAVAR? NÃO CONSIGO IR AO BANHEIRO, PERA, SERÁ QUE JÁ FUI? SEI LÁ, NÃO LEMBRO, FOTOGRAFA A LIÇÃO PARA MANDAR, MANDA PELO ZOOM, NÃO, PELO E-MAIL, OU PELO BLOG, OU PELO CHAT, QUER SABER, NÃO VOU MANDAR PORCARIA NENHUMA, QUE SE DANE, REPETE TUDO ANO QUE VEM. CHEGA!!!!

E sim, em letra maiúscula porque estou gritando mesmo!!! Ufa! Pronto. Dei uma aliviada no stress. Obrigada por me ouvir.


Mãe 5 - Sou esposa e mãe de três filhos, de 16, 11 e 8 anos. O isolamento trouxe muitas mudanças em nossa rotina familiar, meu trabalho sempre foi dividido em domiciliar e home office, com essa alteração meu esposo recebeu férias e agora teve o contrato suspenso pela empresa, passando a ficar em casa, apesar de me ajudar muito com as tarefas domesticas não conseguimos nos organizar com as atividades escolares das crianças, são muitas atividades, eles não dão conta e não temos traquejo com as matérias, até tentamos, mas quando a situação começou a causar stress tomamos a decisão de fazer o que der. Quando tudo isso passar vamos ver o que é possível recuperar. Apresentação e discussão dos resultados Através dos relatos das cinco participantes, pôde-se



Apresentação e discussão dos resultados


Através dos relatos das cinco participantes, pôde-se observar que a maior dificuldade encontrada foi conciliar as atividades escolares, organização na rotina da casa e manter um ambiente de estudo apropriado. Note-se que os progenitores não têm habilidades para as tarefas, encontra-se perdido com a didática, alguns chegam a abandonar o ensino dos filhos. Em virtude dos fatos mencionados, observou-se que as famílias estão vivendo no automático, com distanciamento muito grande, e detalhes importante da vida dos filhos estão passando sem que os pais notem ou possa intervir.



Considerações finais


Por tanto, neste artigo buscou-se apresentar as objeções encontradas pelos pais em cumprir a incumbência de manter as atividades escolares, rotina doméstica mediante o isolamento social. Podemos perceber que não foi só a dificuldade com as tarefas, mas todas as mudanças trouxeram conflitos e muitas reflexões sobre a vida, prioridade e valores. Podemos observar também que ter a autonomia tolhida mexeu com as emoções, vive-se em uma geração onde se prega a liberdade de uma hora para outra, aquilo que se considera de maior valor “o direito de ir e vir” é interrompido por uma força maior, não se tratando apenas de um decreto governamental, mas sim o medo de um inimigo invisível e implacável, que não escolhe vítima, simplesmente ataca para matar uma população que se vê totalmente indefesa. Por fim o que a nação espera é que tudo isso acabe e que possa voltar ao que, todos vem chamando de um novo normal.



REFERÊNCIAS


Lia Silva pedagoga colégio Ceapi https://www.youtube.com/watch?v=zL9leL-52kg, Rosely


Sayão psicóloga infantil https://www.youtube.com/watch?v=cvUddK02VV0&t=581s, Leo


Fraima Psicoterapeuta Mestre em Psicologia educacional https://www.youtube.com/watch?v=2a_uTRs7-YE

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