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  • Psicologia

A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E AS CONSEQUÊNCIAS DO DESEMPREGO PARA A SAÚDE MENTAL DO INDIVÍDUO

Costa, Tatiane Buriti da.








RESUMO

O presente artigo visa a discussão sobre as consequências da pandemia na vida dos indivíduos. São inúmeros os aspectos em que as pessoas tiveram sua vida modificada, seja na forma de trabalhar, de estudar ou de se relacionar com o outro. Diante disso é importante que seja discutido as consequências do coronavírus e do isolamento social. Será apresentado alguns pontos sobre a influência do cenário atual em relação a saúde mental e abordado um tema que vem preocupado muitos brasileiros diante desta crise, o desemprego.


Palavras-chave: desemprego, pandemia, isolamento social, crise, coronavírus, saúde mental, ansiedade.


INTRODUÇÃO


O trabalho tem como objetivo apresentar uma das consequências causadas pela pandemia do COVID-19, o desemprego. Além disso será abordado alguns tópicos dos principais danos que o isolamento social pode causar para a saúde mental do indivíduo. O isolamento social é uma medida fundamental no combate a proliferação do corona vírus, é uma das medidas preventivas aconselhada e defendida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde do Brasil. A consequência dessa ação tem sido discutida em relação a economia e outros aspectos, mas é de extrema importância que seja discutido a respeito da saúde mental das pessoas nesse contexto, uma vez que a medida do distanciamento e do isolamento social afeta aspectos e comportamentos que se estava acostumado.

O Brasil é um país onde as interações interpessoais cotidianas são mediadas pelo toque: apertos de mão, abraços e beijos são comuns e aceitos pelas pessoas. Pensando nisso, o cenário onde o distanciamento e isolamento são necessários, podem ter consequências negativas para a saúde mental dos indivíduos. Esse impacto pode ser agravado, pelas incertezas socioeconômicas que se intensificam em um momento de crise como este.

Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), cada pessoa reage de maneira diferente a situações estressantes diante do surto, e depende de seu histórico de vida, das coisas que o diferenciam de outras pessoas e da comunidade. A sensação de estranhamento sobre a situação nova e sobre a qual não se tem controle, é natural. Não foi dado um tempo para processar e compreender esta situação, em um cenário como esse de crise sanitária mundial as emoções certamente vão aumentar. Um dos primeiros sentimentos que pode vir à tona certamente é o medo da morte e de perder algum ente querido. O medo sobre o futuro, sobre as finanças, sobre a incerteza, são acontecimentos que trazem a ansiedade para o dia-a-dia.

A ansiedade pode se manifestar de diversas formas – agitação, pensamentos obsessivos sobre a doença, necessidade de ver e ouvir constantemente informações sobre o corona vírus, dificuldade para realizar tarefas diárias e também pode alterar o sono. Alteração nos padrões alimentares são comuns, assim como a dificuldade de se concentrar, o maior uso de álcool, tabaco ou outras drogas e vícios, também são consequências do isolamento.

O confinamento potencializa reações quando nos confrontamos com situações que normalmente não estavam à mostra e que agora estão expostas. Tudo se intensifica, traumas, obsessões, compulsões, dramas e angústias. Um estudo publicado na Revista The Lancet em março de 2020, que revisou mais de 3.000 artigos científicos sobre os efeitos psicológicos da quarentena sobre a saúde mental, conclui que longos períodos de isolamento podem levar a sintomas psicológicos, como distúrbios emocionais, depressão, estresse, distúrbio de humor, irritabilidade, insônia e sinais de transtorno de estresse póstraumático.

Devido as medidas de combate à transmissão da COVID-19, diversas empresas têm deixado de funcionar normalmente, em vários casos, foi implementado a forma de trabalho à distância. Porém, nem todos os negócios conseguem manter o funcionamento desta forma. Alguns estabelecimentos já declararam o fechamento, pois não conseguiram manter suas despesas durante esse período, com isso, o desemprego tem sido uma das maiores preocupações dos brasileiros.



O DESEMPREGO CAUSADO PELA PANDEMIA


Como medida preventiva para evitar a proliferação do corona vírus, foi decretado a necessidade do fechamento do comércio e os demais serviços considerados não essenciais. Como consequência disso, muitos estabelecimentos e empresas tiveram uma grande redução na movimentação do seu caixa, causando uma grande crise onde em alguns casos manter todos os funcionários é uma tarefa insustentável.

O desemprego sempre foi um tema muito preocupante, está ligado não apenas a questão financeira, mas também tem relação com a importância do individuo sentir que pertence a um grupo, que é necessário para a comunidade e que tem perspectiva para a sua vida. Para o homem o trabalho constituiu-se como um verdadeiro sentido de vida, considerando que em muitas situações, ele passa a maior parte do seu tempo trabalhando. O trabalho contribui para a estruturação da personalidade e da identidade do ser humano.

O Ministério da Economia estima que houve aumento de 150 mil pessoas desempregas no país entre março e a primeira quinzena de abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2019, em razão da crise causada pelas medidas de enfrentamento ao novo coronavírus no Brasil.

Os números são baseados, segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, nos pedidos de seguro-desemprego registrados pelo órgão e na estimativa de demanda reprimida de pessoas que não conseguiram solicitar o seguro por causa das restrições do atendimento presencial aos trabalhadores.

Em relação a manutenção dos empregos, Bruno Bianco também informou que pouco mais de 4 milhões de pessoas já assinaram acordos de redução de jornada ou suspensão de contrato de trabalho, e estão com os seus empregos preservados. A Medida Provisória nº 936, de 1º de abril de 2020, institui o Benefício Emergencial de Preservação de Emprego e da Renda, por meio do qual o empregador reduz a jornada com redução proporcional de salário e o governo faz uma compensação ao trabalhador. Como essa compensação não é integral, de acordo com a equipe econômica, a expectativa é que haja uma queda de 15% na renda média dos trabalhadores.



A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA VIDA DAS PESSOAS


O trabalho não deve ser visto apenas como uma forma de garantir o próprio sustento, mais do que isso ele tem uma grande importância na vida do ser humano, como já foi mencionado anteriormente. Benjamin Franklin disse uma vez que “o trabalho dignifica o homem” e ele não estava errado em afirmar isso. Trabalho tem a ver com outras questões além do sustento. Tem a ver com pertencimento, participação, com ser útil e contribuir com uma causa maior. Pode-se dizer que é daí que vem a satisfação pessoal.


“O trabalho é uma forma como o homem interage e transforma o meio ambiente, assegurando a sobrevivência e estabelecendo relações interpessoais, que, teoricamente, serviriam para reforçar sua identidade e seu senso de contribuição.
(BOM SUCESSO, 2002, p. 25).

É importante citar algumas realizações que acontecem no trabalho. Através das atividades que são executadas no ambiente de trabalho muitas pessoas desenvolvem suas habilidades; Ver o resultado do trabalho feito é muito gratificante e se torna motivação para que o colaborador tenha prazer em exercer sua função; O relacionamento interpessoal está muito presente na vida daqueles que necessitam trabalhar de maneira colaborativa com os outros, onde podem ser criados laços de amizade e cooperação; Ter disciplina e responsabilidade, é necessário cumprir regras em relação a prazos, horários e metas, esse aspecto faz com que os indivíduos desenvolvam a noção de organização e disciplina.


CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA RELAÇÃO ENTRE O DESEMPREGO E A SAÚDE MENTAL


A perda do emprego e suas consequências é objeto de estudo desde os anos 30. Os estudos até então desenvolvidos demonstram que as consequências do desemprego não se limitam apenas aos fatores econômicos (Blanch, 2001). O desemprego trás no seu bojo questões mais específicas da clínica, que se estendem desde o prejuízo na autoestima até os casos relacionados com suicídio (Gunnell et al. 1993).

A relação existente entre o desemprego e os transtornos mentais ainda não está totalmente compreendida. Contudo, alguns autores (Ezzy, 1993; Graetz, 1993) destacam a existência de certos tipos de desemprego, como por exemplo, a saída de um emprego monótono e repetitivo, limitador das habilidades do indivíduo, como fonte de consequências positivas, da mesma forma que certos empregos têm efeitos negativos sobre a saúde mental.

Silvia (2006) aponta que a perda do vínculo com o emprego formal pode conduzir o indivíduo a manifestar o surgimento de gastrites, úlceras, desenvolvimento de cânceres, estresse, fadiga, entre outros. A autora sinaliza que manifestações podem ocorrem também no desenvolvimento de problemas emocionais, como neuroses, psicoses, síndrome do pânico, depressão, fobia social, ansiedade e outros.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Diante das informações apresentadas foi demonstrada a importância dos cuidados com a saúde mental durante esse período de isolamento. A medida é necessária para que se possa passar por esse momento o mais rápido possível e com o menor número de vítimas. Mas também é importante, que exista o cuidado em relação ao psicológico para que quando tudo isso passar, as pessoas estejam prontas e saudáveis para retornar as suas atividades normais e enfrentar as mudanças que podem acontecer.

Para diminuir os impactos do isolamento social no dia-a-dia, recomenda-se que seja mantido o maior número de atividades que costumavam ser realizadas anteriormente. Buscar ocupar o seu tempo com estudos, leituras, atenção com os membros familiares que estão na mesma casa que você, manter o contato com os amigos por meios remotos, desenvolver alguma atividade física em casa e evitar ser bombardeado pelas informações da mídia. A informação é necessária, mas ficar o tempo inteiro absorvendo as notícias apenas sobre a doença e os números pode tornar isso uma obsessão e agravar um quadro de ansiedade.


REFERÊNCIAS


VENDRAME, Marilda. Publicado em abril de 2020. Disponível em: https://blog.psicologiaviva.com.br/aspectos-emocionais-do-isolamento-social/. Acesso realizado em: 23 de maio de 2020.


ROUBICEK, Marcelo. Publicado em 30 de abril de 2020. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/04/30/O-que-diz-o-primeiro-dadode-desemprego-na-pandemia. Acesso realizado em 24 de maio de 2020.

PINHEIRO, Letícia Ribeiro Souto; MONTEIRO, Janine Kieling. Refletindo sobre o desemprego e agravos à saúde mental. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cpst/article/view/25799/27532. Acesso realizado em 24 de maio de 2020.

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