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  • Psicologia

A SAUDE MENTAL DOS ENFERMEIROS FRENTE AO COVID-19

Atualizado: 6 de jun. de 2020

Bento, Byanca Ferreira Araújo ; Vieira , Francielle Dearo







RESUMO

O presente estudo tem por objetivo apresentar as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros, destacar o desgaste emocional gerado nesse momento de pandemia, a importância de um auxílio psicológico e analisar se o psicólogo tem cumprido seu papel de dar suporte à esses profissionais que diariamente lidam com o luto, trabalham sob pressão e em alguns casos não têm mais contato com seus familiares, pois não podem voltar para casa para manter a família segura. Além das dificuldades de lidar com o novo vírus, também existem as dificuldades relacionadas as condições muitas vezes precárias de trabalho, realidade antiga em nosso país. É importante olhar com empatia, reconhecer o valor dessa profissão e dar todo o suporte necessário nesse momento para os enfermeiros, pois eles estão na linha de frente do combate ao vírus e mais do que nunca têm feito um papel de suma importância para a sociedade.


Palavras-chave: Enfermeiros, saúde metal, condições de trabalho..


INTRODUÇÃO


O presente trabalho trata da saúde mental dos enfermeiros frente ao COVID-19. São objetivos do mesmo abordar brevemente sobre o vírus, explicando seus sintomas e forma de transmissão, falar sobre as condições de trabalho que o enfermeiro se encontra, sua saúde mental nesse momento de pandemia e o papel do psicólogo na promoção dessa saúde mental. Está organizado em quatro partes, sendo: desenvolvimento, condições de trabalho e saúde mental, papel do psicólogo e considerações finais. No desenvolvimento será abordado uma breve explicação sobre o coronavírus, que é uma família de vírus que causam infecções respiratórias, seus sintomas podem variar de uma simples gripe a uma pneumonia severa. A forma de contágio se dá pelo ar através de gotículas expelidas através de tosse ou espirro de uma pessoa infectada, ou através de objetos ou superfícies contaminadas. Ainda no desenvolvimento será apresentada a importância da atuação das equipes de enfermagem para combater o vírus, mas que seus esforços para esse trabalho os colocam em situações de desgaste físico e mental. Logo em seguida na parte de condições de trabalho e saúde mental, será discorrida sobre a precariedade que o enfermeiro encontra no seu local de trabalho, falta de material, uma equipe mais estruturada, etc. Mas, não é de hoje que a enfermagem atua com a falta de recursos e ainda existe a falta de respeito e reconhecimento com aqueles que não medem esforços para ajudar o próximo e que ainda precisam lidar com o luto e distanciamento familiar, alguns podendo até desenvolver transtornos ansiosos e outras doenças por falta do cuidado consigo próprio. Em seguida será avaliado o papel do psicólogo, se possuem uma quantidade adequada para o suporte da saúde mental dos enfermeiros e a importância desse auxílio psicológico nesse momento de luta com um vírus ainda desconhecido. Orientações serão dadas para promover o bem-estar dos enfermeiros. As considerações finais que ressaltam a importância de boas condições de trabalho, de auxilio psicológico e do devido reconhecimento profissional aos enfermeiros. Esse trabalho é relevante para compreender a desvalorização com a profissão, para expor as condições em que os enfermeiros se encontram nesse contexto de pandemia e a importância de uma promoção de saúde mental, a reflexão de que os enfermeiros devem ter o reconhecimento adequado, devido a esse trabalho importante de cuidado a vida e saúde do próximo


DESENVOLVIMENTO


Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31 de Dezembro de 2019 após casos serem registrados na China. A disseminação do vírus aconteceu rapidamente tornando-o uma pandemia global. Com o objetivo de reduzir os impactos da pandemia, alguns países têm adotado medidas tais quais isolamento de casos suspeitos, fechamento de escolas e universidades, distanciamento social de idosos e outros grupos de risco, bem como quarentena de toda a população. Os sintomas da COVID-19 podem variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa. Sendo os sintomas mais comuns: tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo por meio de: toque do aperto de mão; gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro e por objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. O diagnóstico da COVID-19 é realizado primeiramente pelo profissional de saúde que deve avaliar a presença de critérios clínicos. Profissionais de diversas áreas da saúde têm atuado de forma conjunta para prevenir, combater a propagação e tratar os infectados pelo novo coronavírus no mundo. Na linha de frente destas ações estão aqueles da área de enfermagem. A profissão nasceu como prática social ligada aos elementos que compõem a existência e a vida humana em todos os parâmetros, na questão da prevenção, promoção e reabilitação da saúde. Neste momento de pandemia, é importante lembrar que a enfermagem sempre exerceu papel fundamental nas ações de proteção aos indivíduos, considerando os determinantes sociais que estão envolvidos na questão da transmissão e do aumento do número de casos. Esses profissionais atuam nos leitos e ambientes dos serviços de saúde que recebem quem precisa de atenção médica e, por isso, para boa parte desses profissionais não é possível o isolamento social ou quarentena. Neste momento, a situação de crise se soma à sobrecarga de trabalho, à falta de recursos, às equipes reduzidas, o distanciamento familiar e a forma de lidar com as perdas, sendo elas de familiares, pacientes e amigos de trabalho em um contexto que pode colocar em risco a saúde mental destes profissionais. Por isso, alguns cuidados são essenciais.



CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE MENTAL


No Brasil, pesquisas mostram as condições desfavoráveis para a prática de enfermagem, com forte incidência de desgaste dos trabalhadores comprometendo sua saúde e bem-estar, além da qualidade da assistência aos pacientes. As condições de trabalho ou a falta destas, talvez seja a face mais expressiva da baixa valorização da profissão. No entanto, é preciso acolher esses profissionais, abrir um espaço de escuta para conhecer as suas reais necessidades e expectativas. Podendo ser traduzidas na forma de salários mais altos, valorização profissional e promoções, ou de forma mais prática, em decorrência do novo Coronavírus, como necessidade de equipamentos de proteção individuais adequados, estrutura física segura para o desempenho das atividades, melhor dimensionamento de pessoal e delineamento de fluxos de atendimento, cooperação para o trabalho em equipes e apoio das lideranças. É preciso que profissionais de saúde busquem manter a calma e viver a realidade com os recursos disponíveis naquele momento, inclusive os seus próprios, priorizar seus recursos psíquicos para gerenciar os novos acontecimentos durante a pandemia. Outro aspecto que pode gerar riscos à saúde mental desses profissionais é a perda de pacientes, a reação de cada profissional pode variar de acordo com seus recursos cognitivos, emocionais, sociais e espirituais, assim como experiências anteriores similares. Os desafios enfrentados pelos profissionais da saúde podem ser um gatilho para o desencadeamento ou a intensificação de sintomas de ansiedade, depressão e estresse, especialmente quando se tratam de enfermeiros que trabalham na chamada “linha de frente”, ou seja, em contato direto com pessoas que foram infectadas pelo vírus. Segundo Rissardo e Gasparino (2013), a enfermagem foi classificada, pela Health Education Authority como a quarta profissão mais estressante do setor público. A primeira definição de estresse na área de saúde foi utilizada por Selye em 1956, como Síndrome Geral da Adaptação (SGA), decorrente de um evento que exige esforço do indivíduo em termos de adaptação. Essa condição ocorre também porque as atribuições do enfermeiro demandam muita atenção, discernimento e responsabilidade, fatores que podem influenciar diretamente na saúde física e mental do trabalhador e condicionar ao surgimento do estresse ocupacional. Estresse ocupacional é aquele oriundo do trabalho, ou seja, é um conjunto de fenômenos que se apresentam no organismo do trabalhador incapaz de enfrentar as demandas requeridas pela sua ocupação, podendo afetar sua saúde e seu bem-estar. Quando contínuo, favorece o aparecimento de doenças como hipertensão, úlcera, síndrome da fadiga crônica, distúrbios do sono, diabetes, transtornos depressivos e síndrome de Burnout. A definição mais aceita sobre a síndrome de Burnout fundamenta-se na perspectiva socialpsicológica de Maslach & Jackson (1981), que a considera como uma reação à tensão emocional crônica, formada por três dimensões relacionadas, mas independentes — (a) exaustão emocional: caracterizada por falta de energia e entusiasmo, por sensação de esgotamento de recursos, ao qual pode somar-se o sentimento de frustração e tensão nos trabalhadores, por perceberem que já não têm condições de despender mais energia para o atendimento de seu cliente. Os profissionais de saúde, diante da alta carga de trabalho e de estresse, podem manifestar sinais de esgotamento tais como: dificuldades para dormir, prejuízo das atividades laborais e de autocuidado e sentimentos de raiva, ansiedade, solidão e medo. Podem ainda manter-se em estado de alerta, com necessidade constante de informações sobre a epidemia e perguntas persistentes aos familiares e colegas sobre seus estados de saúde. É importante sinalizar à pessoa a percepção de que ela se encontra fragilizada e incentivá-la a buscar ajuda de profissionais de saúde mental, sem confundir fragilidade com fraqueza ou inabilidade de lidar com a situação. A exposição de profissionais de saúde nestes momentos os coloca como vulneráveis ao adoecimento psíquico, sendo fundamental respeitar os limites humanos ao entrar em contato com uma carga tão grande de sofrimento e angústia. Aqui cabe perguntar, quem cuida de quem cuida? Aos colegas não psicólogos podem também acolher e auxiliar a identificar quando é preciso buscar ajuda, é importante estar disposto a ouvir, consultando se a pessoa deseja falar sobre seus sentimentos e respeitando se ela não quiser conversar. Em casos mais graves, cabe também procurar a chefia imediata ou o departamento de recursos humanos para passar o caso e possibilitar que a ou o colega receba ajuda profissional especializada de Psicólogos ou psiquiatras.



PAPEL DO PSICÓLOGO


Aqui cabe perguntar: “Temos psicólogas ou psicólogos presentes em número suficiente para oferecer esse atendimento nos serviços de saúde?”, compreendendo que esse é um serviço que não pode ser prestado pela mesma equipe que dá assistência aos pacientes. São situações diferentes, que podem envolver questões íntimas, de cunho familiar ou até mesmo chefias, colegas em comum, estruturas administrativas, por isso demandam profissionais específicos para esse atendimento. Esta é uma reflexão que esse momento nos proporciona e precisamos avançar sem esperar a próxima crise. Como os psicólogos estão ajudando em meio a essa pandemia? A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, em parceria com o Conselho Regional de Psicologia do DF e a Universidade de Brasília criaram um projeto de acolhimento que vai conectar os profissionais de saúde com psicólogos voluntários. O serviço funcionará por telefone ou por videoconferência, todos os dias da semana, 16 horas por dia, com duração de dois meses. Inicialmente 140 psicólogos realizarão os atendimentos, organizados em quatro turnos, seguindo todos os protocolos e notas técnicas. Antes de cuidar do outro, o enfermeiro (independentemente da sua categoria ou área de prestação de cuidados) deve saber cuidar de si próprio, nomeadamente da sua Saúde Mental. “Mente sã em corpo são” é o slogan que o enfermeiro deve ter no seu cotidiano para poder prestar, da melhor forma possível, cuidados de excelência ao doente e sua família, inseridos num contexto comunitário (Mundt & Klafke, 2008). Neste sentido, segundo Sacadura-Leite & Uva (2007), o otimismo, a perseverança e as emoções positivas acerca de si próprio, dos outros e do mundo, devem constituir-se, permanentemente, como aspetos autocríticos na promoção da saúde e que devem estar sempre presentes na prestação dos cuidados de enfermagem. Orientações dadas por profissionais da saúde em relação ao esgotamento mental dos profissionais que estão em linha de frente são: se perceber que sua ansiedade, medo e depressão estão aumentando, procure um psicólogo que vai lhe atender online, e, intencione um saldo positivo para sua vida! Nos tempos livres faça coisas que você gosta, leia livros interessantes, faça também aquilo que lhe ajuda a relaxar, ouvir músicas instrumentais e que você gosta, fazendo exercícios de alongamento, por exemplo, é ótima recomendação. Tente praticar atividades que você sinta bem ao fazer. Mesmo com a demanda grande de trabalho, é importante tirar um tempo mesmo que curto, pra o autocuidado



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Neste artigo buscou-se apresentar a importância do cuidado com a saúde mental dos enfermeiros que estão em linha de frente ao COVID-19, pois ao cuidar de alguém, também precisamos estar com nossa saúde física e mental em boas condições para que a qualidade de trabalho não seja afetada, já que as condições que os enfermeiros se encontram muitas das vezes são precárias, com faltas de equipamentos, medicamentos, equipe e sem um lugar adequado para descanso. Sua jornada tem sido exaustiva e estão tendo que enfrentar uma alta demanda para lutarem com um vírus ainda desconhecido, e ainda lidar com o luto e o distanciamento familiar. É necessário destacar o papel do enfermeiro e a importância desse profissional não só em momentos de pandemias, mas seu trabalho em modo geral deve ter maior reconhecimento melhores condições de trabalho, acima de tudo, respeito e suporte psicológico



REFERÊNCIAS


(Artigo de internet)

Benevides-Pereira, A. M. T. & Alves R. N. (2003) Quem cuida também merece cuidados: conhecendo e prevenindo o burnout. Maringá: Eduem.

Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 73722004000100017&script=sci_arttext&tlng=pt#topo.


Schmidt, B., Crepaldi, M. A., Bolze, S. D. A., Neiva-Silva, L., & Demenech, L. M. (2020). Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estudos de Psicologia (Campinas), 37, e200063. http://dx.doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063


É POSSÍVEL PENSAR EM QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO DA ENFERMAGEM EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS (COVID-19)? Márcia dos Santos Pereira1 ; Nátalia Gherardi Almeida2 ; Carolina Teixeira Cunha3 ; Letícia Gonçalves Figueiredo4 ; Carla Aparecida Spagnol5, disponível em https://abenmg.com.br/wp-content/uploads/2020/04/QVT-EM-TEMPO-DECOVID-19-ultima-vers%C3%A3o-02-04-20-resumido-1.pdf


(Matérias da internet)

Coronavírus: cuidados em saúde mental para trabalhadores da Saúde. Orientações do Conselho Regional de Psicologia do Paraná para quem não pode parar neste momento de combate ao novo coronavírus por Assessoria de Imprensa, disponível em http://saudedebate.com.br/noticias/coronaviruscuidados-em-saude-mental-para-trabalhadores-da-saude


Enfermagem na linha de frente contra novo coronavírus, 25 de março de 2020, disponível em https://www2.ufjf.br/noticias/2020/03/25/enfermagem-na-linha-defrente-contra-novo-coronavirus/


Sobrecarga e riscos pioram saúde mental de médicos e enfermeiros na pandemia, disponível em https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/05/sobrecarga-e-riscospioram-saude-mental-de-medicos-e-enfermeiros-na-pandemia.shtml


FATORES DESENCADEANTES DO ESTRESSE OCUPACIONAL E DA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS TRIGGERING FACTORS OF OCCUPATION STRESS AND BURNOUT IN NURSES Fernanda Aparecida Valeretto1 , Dhyeisiane Freire Alves 2, disponível em https://revista.uniabeu.edu.br/index.php/SFM/article/view/1192/1038


Condições de Trabalho e o Impacto na Saúde dos Profissionais de Enfermagem Frente a COVID-19, disponível em https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/72702/pdf










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