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  • Psicologia

SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE RELACIONADA COM O MOMENTO DA ATUAL PANDEMIA

Atualizado: 8 de jun. de 2020

SANTOS, INGRID OLIVEIRA QUEIROZ.





RESUMO

Atualmente, com o aparecimento do novo Coronavírus (COVID-19), surge também a necessidade de um olhar voltado aos profissionais da saúde, que estão inteiramente expostos à doença pois se encontram atuando em linha de frente nos hospitais atendendo à população e salvando vidas.

Porém estes profissionais também se encontram em sofrimento intenso no ponto de vista psicológico, pois o vírus é altamente contagioso e eles necessitam ficar longe de seus familiares. Eles estão arriscando suas próprias vidas diariamente, temendo por terem uma chance alta de serem contaminados.

A síndrome de Burnout é o acúmulo de sentimentos de ansiedade, medo, pânico, irritação e intolerância relacionados ao trabalho. Muitos profissionais de saúde neste momento estão passando por este leque de sensações e conforme os dias passam, se sentem esgotados.

Portanto, é necessário um acompanhamento psicológico para prevenção e controle mental destes profissionais que estão altamente expostos. É preciso estudar maneiras de inserir o profissional da saúde mental para acompanhamento destes que se encontram em um sofrimento psíquico muito grande.


Palavras-chave: Coronavírus, Burnout, profissionais da saúde.


INTRODUÇÃO


No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V, guia para o diagnóstico das doenças mentais publicado em 2014 pela Associação Americana de Psiquiatria, o Burnout não é reconhecido como uma doença. Porém, é citado pela Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional das Doenças - CID 10 como uma “Sensação de Estar Acabado” ou “Síndrome do Esgotamento Profissional”.

A definição de ‘Síndrome de Burnout’ foi dada pelo psicanalista novaiorquino Herbert J. Freudenberger, no início dos anos 70, como “distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso cuja causa está intimamente ligada à vida profissional. ” Os principais sintomas são: Irritabilidade, intolerância, apatia, desatenção, faltas recorrentes e tristeza. Dependendo da intensidade dos sintomas, o mais indicado é procurar ajuda Psiquiátrica.

Segundo a autora Liliane Pereira (2016), o estresse é uma resposta do organismo às situações das mais variadas categorias que desestabilizada o indivíduo interiormente. Contrapondo-se a este conceito, a Síndrome de Burnout interfere de modo significativo na relação do indivíduo com o trabalho, fazendo o profissional desenvolver comportamentos negativos em seu ambiente laboral, gerando dificuldades na interação com os usuários e a organização. [...] Teoricamente, há quatro concepções que abordam a Síndrome de Burnout em seu aspecto etiológico: sociopsicológica, organizacional, clínica e sócio-histórica. A interligação entre estes quatro fatores resultam nos três componentes multidimensionais que podem estar interligados, porém são independentes: exaustão emocional, caracterizado por esgotamento emocional que pode ser físico, psíquico ou a associação dos dois; despersonalização, sendo esta a perda de sensibilidade e endurecimento afetivo do trabalhador, tornando-se cínico e dissimulado; e a falta de envolvimento no trabalho, identificada como inadequação pessoal e profissional.

Existem diversos artigos que relacionam a Síndrome de Burnout com cargos e posições específicas, como por exemplo, cargo de Professor, de Enfermeiro, de Psicólogo ou de Policial. Nestes casos específicos há sim uma maior predisposição à doença por estes apresentarem um contato interpessoal mais exigente, propondo em seu dia-a-dia de trabalho uma assistência assídua para com aquele público que necessita de atendimento e muitas das vezes cuidando de pessoas em intenso sofrimento. Porém, devemos nos lembrar que o Burnout não é desencadeado exclusivamente nestes profissionais uma vez que o desgaste emocional e físico é proveniente do desconforto provocado por uma situação produzida ou não por terceiros no ambiente de trabalho. Portanto vale lembrar que qualquer profissional pode desenvolver a doença.

A doença do coronavírus 2019, cuja abreviação é COVID 19, é uma doença infecciosa que se espalha principalmente através de gotículas de saliva ou secreção nasal por tosse ou espirro. É mortal e muito cara, humanamente e financeiramente. Tem potencial para fazer todo o funcionamento industrial e comercial de um país inteiro ou muitos países do mundo serem paralisados. COVID-19 tem uma tremendo impacto negativo nos funcionários.

Pensando neste cenário atual causado pelo novo vírus (COVID-19) inicialmente identificado na cidade de Wuhan província de Hubei da China em dezembro de 2019 e declarado como pandemia pela Organização Mundial da Saúde em 11 de março de 2020, o Burnout se faz presente marcando incansavelmente diversos profissionais que mesmo recebendo a proposta de quarentena e isolamento social a todo momento a fim de evitar a disseminação do vírus, em contrapartida não conseguem realizar o ato por um período longo, de meses, pois necessitam do trabalho. Estes então por acabar se expondo a uma situação de risco, desencadeiam um leque de emoções que causam a frustração e estresse ao extremo.

Segundo KAUSHAL et al. (2020, traduzido) Nos Estados Unidos, cerca de 54,4% dos médicos demonstraram pelo menos um sintoma de desgaste na forma de exaustão emocional, despersonalização ou sentidos reduzidos de realização. Um padrão semelhante em graus variados é encontrado nos residentes e bolsistas. Os fenômenos do esgotamento médico são estudados adequadamente e têm um impacto negativo direto na fadiga, estresse, ansiedade, depressão, transtornos do humor, abuso de substâncias, suicídios, cuidados de baixa qualidade ao paciente, aposentadorias precoces e demissões inesperadas. Além dos contribuidores individuais do burnout do médico, como fatores de trabalho (cargas excessivas e horas de trabalho), características pessoais (desequilíbrio na vida profissional, suporte inadequado, privação de sono) e fatores organizacionais (expectativas de carga de trabalho, recompensas e comunicação interpessoal insuficientes, liderança negativa), é essencial identificar e remediar questões específicas do surto para evitar os encargos sociais, psicológicos e econômicos indesejados.

Segundo a World Health Organization (2020, traduzido). Os direitos dos trabalhadores da saúde incluem a expectativa de que os empregadores e gestores em unidades de saúde:


• Assumir a responsabilidade geral de garantir que todas as medidas preventivas e de proteção necessárias sejam tomadas para maximizar a segurança e saúde no trabalho;


• Fornecer informações, instruções e treinamento sobre segurança e saúde ocupacional, inclusive;


• Treinamento de atualização sobre prevenção de infecções e controle (IPC);


• Uso, colocação, decolagem e descarte de objetos pessoais equipamento de proteção (EPI);


• Fornecer suprimentos adequados de IPC e EPI (máscaras, luvas, óculos, aventais, desinfetante para as mãos, sabão e água, material de limpeza) em quantidade suficiente para aqueles que cuidam de COVID-19 suspeitos ou pacientes confirmados, de modo que os trabalhadores não incorram em despesas para requisitos de segurança e saúde ocupacional;


• Familiarizar o pessoal com atualizações técnicas sobre COVID-19 e fornecer ferramentas apropriadas para avaliar, triagem, teste e tratamento de pacientes, e compartilhar Informações do IPC com pacientes e o público;


• Fornecer medidas de segurança apropriadas, conforme necessário segurança pessoal;


• Fornecer um ambiente livre de culpa em que a saúde os trabalhadores podem relatar incidentes, como exposições ao sangue ou fluidos corporais do sistema respiratório, casos de violência e adotar medidas para acompanhamento imediato, incluindo apoio às vítimas;


• Aconselhar os profissionais de saúde para auto-avaliação de sintomas, relatar e ficar em casa quando estiver doente;


Incluindo a implementação de segurança no trabalho e sistemas de gestão da saúde:


• Manter horas de trabalho apropriadas com intervalos;


• Permitir que os profissionais de saúde exerçam o direito se distanciar de uma situação de trabalho em que possuem justificativa razoável para acreditar que apresenta um perigo iminente e grave para sua vida ou saúde, e proteger os profissionais de saúde de quaisquer consequências indevidas;


• Não exigir que os profissionais de saúde retornem ao trabalho numa situação em que há um sério risco de vida ou saúde até que qualquer ação corretiva necessária seja tomada;


• Honrar o direito a compensação, reabilitação e serviços curativos para profissionais de saúde infectados com COVID-19 após a exposição no local de trabalho - considerada uma doença profissional decorrente de exposição profissional;


• Fornecer acesso à saúde mental e aconselhamento Psicológico;


• Possibilitar a cooperação entre gestão e saúde dos trabalhadores e seus representantes.


Os Profissionais especialmente da saúde que estão em linha de frente para o combate do coronavírus estão altamente expostos ao extremo estresse, sujeitos até mesmo a deixar de lado suas necessidades fisiológicas. Portanto, se faz necessária uma atenção voltada especialmente para eles de suporte emocional. É preciso ser estudado um modelo em que os profissionais da saúde mental consigam ser inseridos neste meio para atuar especialmente em tratamentos para estes, que se sujeitam ao risco diariamente e apresentam um sofrimento psíquico muito grande.



CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os profissionais da saúde estão vivendo um momento muito delicado, um momento de sofrimento psíquico intenso que os leva à processos patológicos. Muitos profissionais apresentam sintomas de Burnout atualmente, em que não conseguem ao menos se lembrar de seu ambiente de trabalho sem que apresentem os sintomas como a ansiedade e o medo.

Estes profissionais necessitam de ajuda psicológica, um acompanhamento para um melhor desenvolvimento de suas respectivas funções. O Psicólogo, Psiquiatra, Psicanalista irão ajudar estes profissionais a desenvolverem seu emocional da melhor maneira possível, para que estes consigam atender suas demandas em seu ambiente profissional.

Portanto, são necessários estudos para a inserção destes profissionais da saúde mental para o tratamento destes.


REFERÊNCIAS


Livro - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM V, guia para o diagnóstico das doenças mentais (2014), Associação Americana de Psiquiatria.


Artigo- CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS DA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PÚBLICO https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/834/645 por Pereira Santos de Oliveira, Liliane (2016).


Artigo- HOW ESSENTIAL IS TO FOCUS ON PHYSICIAN'S HEALTH AND BURNOUT IN CORONAVIRUS (COVID-19) PANDEMIC?

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7198080/ por Shah, Kaushal et al. (2020).


https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/331510/WHO-2019-nCovHCWadvice-2020.2-eng.pdf - © World Health Organization 2020.










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